domingo, 29 de novembro de 2009

Apreciação do texto: "Impactos das tecnologias de informação sobre os deficientes visuais". Borges, José Antônio dos Santos.


Contextualização Histórica sobre os deficientes visuais

A cegueira era tida como um castigo de Deus ou um peso para a sociedade, e, assim, o indivíduo era em geral marginalizado ou morto. A situação cultural dos cegos permaneceu idêntica durante milênios, e começou a ser modificada em meados do século XIX, a partir da criação da Escola de Cegos de Paris. Alguns precursores, como Valentin Hauÿ e Charles Barbier desenvolveram algumas técnicas envolvendo métodos táteis, que visavam permitir aos cegos ler e escrever, mas foi Louis Braille, um aluno cego deste instituto, quem sistematizou a técnica de escrita em relevo que é, ainda hoje, a forma mais usada na educação e comunicação escrita para cegos. Álvares de Azevedo, foi quem trouxe para o Brasil a técnica Braille. E em 1854 o imperador D.Pedro II criou a primeira escola para educação de cegos do Brasil, que hoje se chama Instituto Benjamin Constant, ainda hoje a mais importante instituição de ensino para deficientes visuais no país, e que é mantida pelo governo federal. A escrita Braille foi o diferencial que propiciou o desenvolvimento das pessoas cegas na área cultural, visto que qualquer material poderia ser, em princípio, transcrito para Braille. Tornou viável o estudo de milhões de pessoas numa época em que o desenvolvimento tecnológico era rudimentar. A maior parte dos desenvolvimentos para deficientes foi criada, na verdade, como uma evolução ou adaptação e combinação tecnológica de itens preexistentes em outras áreas. Por exemplo, um scanner que é acoplado a um software de reconhecimento ótico de caracteres e a um sintetizador de voz, tornando-se uma máquina de leitura de livros em voz. O contínuo avanço tecnológico provoca o surgimento de novos artefatos. Onde a disponibilidade dos equipamentos é só a metade do problema: eles têm que ser incorporados na sociedade. Com essa perspectiva, o governo americano em muitos casos intermediou a aquisição desses produtos a preços subsidiados. Em alguns casos comprou para distribuir, ou através de incentivos fiscais fez com que "alguém" o fizesse, promovendo assim um grande desenvolvimento de produtos e seu acesso amplo pelos deficientes, desta forma viabilizando o surgimento de segmentos da indústria com essa especialização. A lógica por trás dessas ações de governo é muito simples. Sai muito mais barato equipar o deficiente para trabalhar, transformando-o num ser produtivo e consumidor, do que pagar indenizações para o resto da vida. Como consequência dessas ações, a partir de 1980, com acentuado aumento nos anos 90, surgiu um mercado internacional de produtos para deficientes.

Desafios da implantação das tecnologias de computação para deficientes visuais no Brasil


Até meados de 1970, no Brasil, era puramente assistencialista. As maiores instituições eram mantidas pelo governo ou com dinheiro de beneméritos.
A primeira mudança, com pouco impacto sobre as instituições tradicionais, foi a grande disseminação dos gravadores cassetes portáteis ao final dos anos de 1970, dando origem a uma série de pequenas instituições especializadas em manter bibliotecas sonoras de textos gravados em fita.
O uso do computador no Brasil foi iniciado no início dos anos de 1980, com a criação de cursos para a formação de programadores cegos na linguagem Cobol, realizado pela IBM em parceria com o Instituto Benjamin Constant.
O principal fator para a entrada maciça de tecnologia na vida dos deficientes visuais brasileiros, foi vendedores de impressoras Braille, do Brasil, permitiu que estes distribuam uma cópia reduzida com um impressor Braille muito fácil de usar.

Algumas mudanças que ocorreram a partir do uso amplo de computadores por cegos:

  • Mudanças de paradigmas culturais;
  • O computador é a ponte que o Braille não oferecia para comunicação com pessoas comuns;
  • Novas oportunidades para trabalho e
  • Reações da sociedade diante da introdução da tecnologia.
Percebe-se que o uso efetivo da tecnologia não é uma coisa que aconteça apenas porque os programas e equipamentos estão instalados. Existem problemas muito maiores: recursos humanos, conhecimento técnico e aceitação da tecnologia. Esses são os maiores desafios, que ainda são agravados pelo fato de terem que ser aplicados num país com a dimensão do Brasil.

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